quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Amor


Namasté

À muito tempo que ando neste caminho de procura e uma das coisas que sempre me perguntei desde sempre era o que é o amor.

Ao longo dos tempos e do nosso caminho os nossos conceitos vão mudando. A definição de amor para mim hoje não é a mesma que tinha á uns tempos atrás. É curioso comparar as definições de hoje e as definições que tivemos e verificar como esta evolução foi acontecendo.

O amor para mim era algo que tinha que ser vivido a dois, a felicidade dependia desse amor, e com isso não percebia que estava a esconder o meu amor-próprio noutra pessoa. Temos tantos conceitos que são errados na nossa infância que nos são atribuídos como verdade e que aceitamos pacificamente porque quem nos ensina temos plena confiança, que são os nossos pais, a escola que frequentamos e até mesmo a catequese, que começa logo por nos indiciar um deus castigador, e que se não fizermos o que é correcto seremos castigados. Ensinam-nos que o próximo é mais importante que nós, a por os outros á frente de nós mesmos porque isso é ser boa pessoa, porque gostarmos de nós é sermos convencidos ou egoístas.

Começamos desde pequenos a viver no medo, na insegurança que mais tarde se manifesta de forma mais abrupta. Não nos aprendemos a amar a nos mesmos, aprendemos então a mar o próximo, e projectar nele o nosso amor, criando uma necessidade de aceitação muito forte dentro de nós. Se formos aceites, amamo-nos, se não formos aceites, então não temos valor. Essa necessidade de aceitação chega á adolescência, e é quando queremos ser integrados num grupo, acabamos por fazer coisas com as quais nem nos identificamos para de alguma forma poder ser aceites por aquele grupo, pelo menos teríamos alguém que nos aceitasse.

Não podemos conseguir amar alguém se não nos amarmos a nós próprios porque amar implica aceitar o outro da forma como é, em lhe exigir que mude nada dele próprio, se tentarmos mudar o que é o outro, não o estamos a amar, estamos a construir um ser á nossa imagem. Poucos que eu conheço na vida me aceitam como sou, tentam sempre ou mudar isto, ou mudar aquilo que não corresponde às expectativas de alguém, tenho sempre de mudar de alguma coisa na minha vida. Para amar alguém e forma intensa, temos de reconhecer o nosso valor interior, gostarmos de nós. Quando estamos a tentar mudar alguém, estamos a roubar-lhe a sua individualidade, o que o deixa de fazer distinto de quem somos, e o que nos levou a achar interessante a sua pessoa.

Quando somos capazes de gostar de nós, somos também capazes de gostar da outra pessoa, e dar os outros e fazer pelos outros dando a si e fazendo por si em primeiro lugar. A partir daí não amamos alguém pela gratidão e recompensas que recebe, mas sim pelo genuíno prazer ao amar.

Se não conseguimos dar amor, amando-nos em primeiro lugar então não seremos capazes de receber amor, e por isso torna-se complicado a gestão da relação a dois.

Lembro-me de uma historia com uma eis namorada que tive em que hoje compreendo que eu que eu depositava o meu amor-próprio nela. Se ela me demonstrava que gostava de mim eu sentia me gostar de mim também, sentia-me feliz, se ela me rejeitasse, eu achava que ela não me amava e por isso sentia-me a pior pessoa do mundo e lá ia a felicidade embora. Projectava nela o amor-próprio que eu deveria sentir por mim, e claro com isso deixava nela uma responsabilidade enorme, e a dependência por esse amor torna a relação catastrófica, porque andamos constantemente com medo que esse amor termine, ou que esse amor possa de alguma forma mudar. Vive-se sob a forma do medo, o medo que trazemos da nossa infância de não ser aceites como na realidade somos, porque falta o mais importante, o amor que devíamos ter por nós mesmos e que podemos começar a tentar já hoje a construir.

Não é um caminho fácil, e é até bem penoso, porque os retrocessos são maiores que os avanços, porque implica aprender de novo, implica mudança de pensamentos que é bem mais complicado que apenas mudar hábitos. Há quem diga em jeito de brincadeira que um hábito demora 21 dias seguido para Ser mudado. No pensamento as coisas demoram mais tempo, porque em muitos momentos as realidades, antiga e a nova se cruzam em quem queres ser.

As pessoas não gostarem de nós, é apenas uma opção que temos de respeitar, e apesar de não concordarmos com essa opção continuamos a ser importantes para nós.

o amor não é mais do que aceitar que aceitar o outro da forma como ele é, sem lhe exigir nada em troca. E andamos nós a gastar imensa energia para o mudar, quando amar é deixa-lo ser quem é!


Namasté

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