sexta-feira, 24 de abril de 2009

A dança e a Alma

A dança e a alma
A DANÇA? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.
Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.

(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Amor


Namasté

À muito tempo que ando neste caminho de procura e uma das coisas que sempre me perguntei desde sempre era o que é o amor.

Ao longo dos tempos e do nosso caminho os nossos conceitos vão mudando. A definição de amor para mim hoje não é a mesma que tinha á uns tempos atrás. É curioso comparar as definições de hoje e as definições que tivemos e verificar como esta evolução foi acontecendo.

O amor para mim era algo que tinha que ser vivido a dois, a felicidade dependia desse amor, e com isso não percebia que estava a esconder o meu amor-próprio noutra pessoa. Temos tantos conceitos que são errados na nossa infância que nos são atribuídos como verdade e que aceitamos pacificamente porque quem nos ensina temos plena confiança, que são os nossos pais, a escola que frequentamos e até mesmo a catequese, que começa logo por nos indiciar um deus castigador, e que se não fizermos o que é correcto seremos castigados. Ensinam-nos que o próximo é mais importante que nós, a por os outros á frente de nós mesmos porque isso é ser boa pessoa, porque gostarmos de nós é sermos convencidos ou egoístas.

Começamos desde pequenos a viver no medo, na insegurança que mais tarde se manifesta de forma mais abrupta. Não nos aprendemos a amar a nos mesmos, aprendemos então a mar o próximo, e projectar nele o nosso amor, criando uma necessidade de aceitação muito forte dentro de nós. Se formos aceites, amamo-nos, se não formos aceites, então não temos valor. Essa necessidade de aceitação chega á adolescência, e é quando queremos ser integrados num grupo, acabamos por fazer coisas com as quais nem nos identificamos para de alguma forma poder ser aceites por aquele grupo, pelo menos teríamos alguém que nos aceitasse.

Não podemos conseguir amar alguém se não nos amarmos a nós próprios porque amar implica aceitar o outro da forma como é, em lhe exigir que mude nada dele próprio, se tentarmos mudar o que é o outro, não o estamos a amar, estamos a construir um ser á nossa imagem. Poucos que eu conheço na vida me aceitam como sou, tentam sempre ou mudar isto, ou mudar aquilo que não corresponde às expectativas de alguém, tenho sempre de mudar de alguma coisa na minha vida. Para amar alguém e forma intensa, temos de reconhecer o nosso valor interior, gostarmos de nós. Quando estamos a tentar mudar alguém, estamos a roubar-lhe a sua individualidade, o que o deixa de fazer distinto de quem somos, e o que nos levou a achar interessante a sua pessoa.

Quando somos capazes de gostar de nós, somos também capazes de gostar da outra pessoa, e dar os outros e fazer pelos outros dando a si e fazendo por si em primeiro lugar. A partir daí não amamos alguém pela gratidão e recompensas que recebe, mas sim pelo genuíno prazer ao amar.

Se não conseguimos dar amor, amando-nos em primeiro lugar então não seremos capazes de receber amor, e por isso torna-se complicado a gestão da relação a dois.

Lembro-me de uma historia com uma eis namorada que tive em que hoje compreendo que eu que eu depositava o meu amor-próprio nela. Se ela me demonstrava que gostava de mim eu sentia me gostar de mim também, sentia-me feliz, se ela me rejeitasse, eu achava que ela não me amava e por isso sentia-me a pior pessoa do mundo e lá ia a felicidade embora. Projectava nela o amor-próprio que eu deveria sentir por mim, e claro com isso deixava nela uma responsabilidade enorme, e a dependência por esse amor torna a relação catastrófica, porque andamos constantemente com medo que esse amor termine, ou que esse amor possa de alguma forma mudar. Vive-se sob a forma do medo, o medo que trazemos da nossa infância de não ser aceites como na realidade somos, porque falta o mais importante, o amor que devíamos ter por nós mesmos e que podemos começar a tentar já hoje a construir.

Não é um caminho fácil, e é até bem penoso, porque os retrocessos são maiores que os avanços, porque implica aprender de novo, implica mudança de pensamentos que é bem mais complicado que apenas mudar hábitos. Há quem diga em jeito de brincadeira que um hábito demora 21 dias seguido para Ser mudado. No pensamento as coisas demoram mais tempo, porque em muitos momentos as realidades, antiga e a nova se cruzam em quem queres ser.

As pessoas não gostarem de nós, é apenas uma opção que temos de respeitar, e apesar de não concordarmos com essa opção continuamos a ser importantes para nós.

o amor não é mais do que aceitar que aceitar o outro da forma como ele é, sem lhe exigir nada em troca. E andamos nós a gastar imensa energia para o mudar, quando amar é deixa-lo ser quem é!


Namasté

terça-feira, 21 de abril de 2009

Namasté

Este blog surge na sequência de um caminho que descobri querer ser diferente em Agosto de 08. Não satisfeito com a vida que tinha nem para onde estava a orientar a minha energia, com algumas circunstancias da vida a ajudarem também, entrei numa viagem de descoberta interior, que me tem ajudado a perceber melhor quem sou.!
Este caminho de auto conhecimento interior é o caminho mais difícil que já encontrei até hoje, porque implica um conhecimento profundo do nosso funcionamento interno, porém é o caminho mais bonito que podemos ter porque tudo o que nos acontece não é por caso, e tudo o que nos aparece é para nos fazer evoluir de alguma fora. Temos de ter estes conceitos bem vincados dento de nós para conseguir perceber que tudo oque fazemos são opções que tomamos. Não somosobrigados a nada!
Resolvi fazer deste blog um espaço de partilha não só da minha aprendizagem, mas de todos aqueles que através do seu caminho aqui vieram ter.
A experiência para mim é o melhor veiculo da aprendizagem. Tantas vezes que nos dizem para não seguirmos determinado caminho e mesmo assim vamos por ele e anda bem, porque assim não nos ficamos pelas experiências de alguém, seguimos o nosso próprio caminho.


Paz e Luz

Namasté

Breve apresentação

"Sobre mim.."

Sou alguém sujeito a falhas,
que indiscretamente retira as pedras do teu caminho,
Sou o ancinho que lavra o teu dia mais pesado.
Sou a Licença sem validade para te amar,
Sou um pouco da Hora do teu dia, quem sabe um segundo no teu coração.
Sou a voz que diz que podes ir por ali mas não te faço voar nessa vontade.
Sou Lágrima que não chegarás ver cair,
mesmo que a tormenta possa surgir.
Sou a saliva quando a tua boca está seca,
O piano da musica do teu caminho, e,
Mesmo que nunca chegues a perceber,
que me possas julgar o teu pior mal,
Serei sempre enfim...
O teu anjo mais Real!

Nota: "não és obrigado/a a gostar de mim, mas Todo o bem que eu puder fazer, toda a ternura que eu puder demonstrar a qualquer ser humano, que não adie ou esqueça, pois não passarei duas vezes pelo mesmo caminho"